segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sem aviso (parte 2)

Mais uma tragédia nos moldes de surpresa se dá com os meus.
Dessa vez foi com o Clemént, meu amigo de infância que nem me lembro como conheci porque, se não me engano, ele me conheceu recém nascido.
Somos 11 meses distantes em idade. Desde que me lembro temos uma brincadeira. Ele, viciado em futebol a flamenguista doente, quando chega meu aniversário sempre me dá os parabéns dizendo que eu agora empatei o jogo, quando nossas idades se igualam. Pouco menos de um mês depois, é minha vez de dar os parabéns a ele, sempre "resignado" por ele ter me passado no placar.
Esse ano não deve ser diferente. Talvez só um pouco menos animado porque ele (todos nós, na verdade) perdeu a mãe num acidente de carro.
Zenaide era uma baiana que tinha gostado de virar francesa mas continuava bem brasileira.
Cuidava do filho como se ele nunca crescesse, nunca ficasse mais velho. Na verdade, tratava os amigos do filho da mesma forma. E sempre com muita atenção e carinho. Da última vez que a vi, há dois anos atrás, no apartamento deles em Paris, nos falamos pouco por causa da correria de trabalho dela, do Thierry e do Clemént. Mas me lembro de uma última cena, na cozinha do apartamento, Zenaide e Thierry insistindo em me fazer alguma coisa pra comer de manhã, perguntando como estavam meus pais e irmão, meus avos, nossos amigos de infância de Copacabana, com muita de saudades do Brasil. Contando histórias de como o Clemént estava bem no trabalho, cheios de orgulho. Me fazendo um café que eu não queria, mas que depois de tanto insistirem, eu já tinha aceitado...
São dessas coisas que eu vou lembrar dela. Vai ser muito estranho um dia voltar a Paris e não vê-la.
Clemént e Thierry, como eu já disse no email, estamos longe mas estaremos sempre por perto. É só chamar.

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