sexta-feira, 20 de novembro de 2009

um modelo de eficiência

Estou arrependido até agora de ter brigado pra não sair do hotel ontem ao meio dia, rumo a Nova Olinda.
Brigamos pra só sair as 16h que era pra gente descansar... porque a passagem de som não ia adiantar de nada se teríamos que desmontar tudo pra o espetáculo do Palhaço Xuxu.
E essa briga foi toda baseada no desgaste atual da banda.

Mas dessa vez a briga estava toda errada... era pra gente ter saído ao meio dia... chegado cedo em Nova Olinda e tido a chance de conhecer a Casa Grande em funcionamento. Durante o horário de trabalho das crianças.

Infelizmente, chegamos já no fim do dia, e a maioria das atividades estavam terminadas ou terminando (infelizmente também, o Fabiano não me deu a câmera dele pra eu roubar as fotos e ilustrar esse post, que ficaria muito mais incrível).

Deu tempo suficiente pra ver a rádio, uma ilha de edição da TV, conhecer os integrantes da banda Os Cabinha. E ficar altamente bem impressionado, emocionado e esperançoso com o que vimos.

Não sei dos detalhes da Fundação porque não tive tempo de descobrir, mas ouvi muito falar do lugar durante os dias que passamos aqui no Cariri. Todo mundo sempre super entusiasmado com o assunto... o próprio Ricardinho que já esteve por lá falava super animado.

O caso é que a Casa Grande é um projeto incrível. Uma casa onde há um memorial, uma TV, uma rádio comunitária, um estúdio, um teatro, uma editora, algumas bandas, uma gibiteca, DVDteca, discoteca, biblioteca... uma fundação que arrecada dinheiro com venda de produtos e outros serviços...

tudo isso administrado por crianças!

Mas assim... realmente administrado por crianças. Demos uma entrevista na Rádio Casa Grande FM, onde fomos recebidos pelo Arthur (que também é baixista d'Os Cabinha), que cuidava da rádio sozinho, do auge de seus 12 anos. Fomos entrevistados pela Valêsca que, apesar de ser das mais velhas da Casa, tem apenas 18 anos. Depois disso, conhecemos o pessoal da banda Os Cabinha. O guitarrista José Wilson, de 12 anos (que também é gerente do almoxarifado); o baterista Daniel, que não deve ter mais do que 12 anos também; e o percussionista Iêdo, também de 12 anos.

Conhecemos muitas outras dessas crianças cujos nomes não vou lembrar agora e não vou ser capaz de reconhecer nas fotos, mas que tomam conta daquele lugar. E tomam conta muito melhor do que muito marmanjo toma conta dos lugares que a gente conhece por aí.

Ouvi dizer ontem que tem gente de Nova Olinda que acha um absurdo o que a Casa Grande faz. Que criança não devia fazer esse tipo de coisa (como se aprender não fosse a única responsabilidade das crianças)...

ouvindo isso eu só conseguia pensar que absurdo mesmo é ter tanto adulto administrando coisas por aí de um jeito tão ridículo que era melhor dar nas mãos dessas crianças.

Deu muito arrependimento de não ter visto o estúdio em atividade. A editora. De ter passeado pela casa pra conhecer cada cantinho, ver cada uma das fotos que eles têm penduradas nas paredes.

E deu muita vontade de voltar pra cá qualquer dia desses... e de algum jeito espalhar essa ideia, e mostrar como isso dá certo e como as coisas podem ser tão diferentes por aí se as pessoas fizessem um mínimo de esforço pra fazer acontecer, como essas crianças fazem.

É realmente difícil lidar com a incompetência das pessoas depois de ter passado por essa experiência.

Mas enfim, ainda não sei nem que horas a van deve chegar aqui pra nos buscar pra tocarmos hoje... de volta à realidade adulta.

3 comentários:

marinaesanta disse...

Gostei do conceito de dar responsabilidade às crianças... Essa idéia está num livro que li há milênios atrás, chamado "Liberdade sem Medo", uma escola em cuja administração or alunos tinham voz ativa.

Unknown disse...

muito bacana e emocionante. :o)

Clarisse Hammerli disse...

Incrível mesmo!!! Deu vontade de conhecer!