segunda-feira, 30 de novembro de 2009

o futebol e o futebol

Nas últimas três semanas (sábado retrasado e esse sábado) renovei minha paixão.

Futebol americano é incrível.

Discutir, elaborar estratégias, reagir ao que acontece em campo, decidir entre manter um plano ou ajustá-lo e, principalmente, ver tudo isso acontecer (de preferência) dando certo pra você é um sentimento ótimo.

Jogar também é excelente.

Tenho lembranças do meu início. De como eu não sabia nada de nada do esporte e acabei indo parar na posição de recebedor. Lembro dos meus primeiros treinos, do meu primeiro quarterback. Lembro que naquela época eu pegava todos os passes (as coisas mudaram muuuuuuuuuuuito de lá pra cá).

Depois veio a troca de posição. Fui jogar na defesa. Safety. O último homem da defesa. Eu não sabia nada do assunto ainda. E, obviamente, pelo meu tamanho e inexperiência, joguei muito pouco no início.

Lembro de como comecei a me interessar por uma parte do jogo que não era respeitada. Comecei a me interessar e estudar os times especiais... de chute. Tudo isso em copacabana, no Eagles.

Depois veio a mudança de time. Fui pro Gorilas e troquei de posição lá também. Voltei a ser recebedor. E no primeiro ano do time eu pegava tudo em treinos mas, por algum bloqueio psicológico, não em jogos. E por não ser grande recebedor esse ano, fui saindo de campo. E, em saindo de campo, fui estudando mais e mais os times especiais. E esse primeiro ano com o Gorilas, coordenando os times especiais, fui muito feliz durante quase todo o campeonato. Com exceção de uma jogada que deu errado na hora que não podia ter dado. Mas, bola pra frente que assim é o futebol americano e assim é a vida.

No ano seguinte, voltei pro outro lado da bola, jogando de safety. E dessa vez eu passei tempo dentro de campo. Bastante tempo. Tive bons jogos, tive péssimos jogos. Nunca fui uma estrela no campo, mas fazia meu trabalho e me divertia muito.

Aí o Gorilas acabou e me afastei do campo e dos times. Tentei voltar uma vez no Reptiles. Não tive muito tempo de jogo na defesa mas joguei bastante nos especiais. Cobrir chutes sempre foi uma paixão.
Depois tentei voltar jogando no Titãs. Dessa vez, ainda menos tempo na defesa e pouco tempo nos especiais porque não tinha tempo pra aparecer em treinos. E discordei da filosofia dos times especiais por lá. Infelizmente não deu certo.

Esse ano eu passei metade fora do esporte. Quando resolvi voltar, fui pro Mamutes. Comecei sem jogar... tive uma chance cobrindo punts e depois, talvez por falta de pessoal, talvez por pena de me deixar de fora o tempo todo, fui colocado no time de kickoff pra cobrir o chute.

Nada me faz tão bem quanto jogar em kickoffs. Sempre fiz isso em todos os times que joguei. Nunca fui estrela, como de costume. Por falta de dedicação e físico, talvez. Mas sempre tentei fazer meu trabalho e quase sempre me diverti.

Esse ano, quando voltei a jogar, estava animado mas não achei que fosse dar em nada. Aí comecei a jogar nos kickoffs... São poucas jogadas por jogo (porque depende do time pontuar e, por mais que o Mamutes pontue, nunca vou jogar tanto quanto joga a defesa ou o ataque) mas são jogadas importante. Nas quais nós 11 do time de kickoff entramos pra nos divertir e fazer nosso trabalho.

São tiros de 50 jardas com gente no seu caminho tentando te impedir de prosseguir. Pra encontrar o adversário que está correndo com a bola e terminar a jogada parando o sujeito. Nem sempre você vai conseguir chegar mas, quando chega, é bom resolver o assunto porque é pra isso que você está lá.

Fico satisfeito de saber que das vezes que eu cheguei, na grande maioria eu fiz meu trabalho. Perdi uma ou outra... fiquei muito puto e frustrado por ter perdido as jogadas. E, principalmente, por saber porque eu as perdi. Mas quando consegui, sozinho ou com ajuda, não importa, foi sempre bom demais.

Ontem foi assim... perdi uma. Sei exatamente porque e como eu perdi. Fiquei puto, esbravejei, gritei. Prometi que se tivesse uma próxima, eu não perderia. E teve uma próxima. E eu não perdi. E cheguei junto com o Heron, que também tinha perdido a jogada anterior e também se prometeu não perder a próxima. E chegamos juntos e resolvemos a jogada juntos. Como companheiros de time porque assim é o futebol americano. Um jogo de time. E nessa eu reencontrei a paixão pelo jogo... por estar dentro de campo. Estou velho e sem preparo físico pra ser jogador essencial em qualquer time. Mas ainda tenho fôlego e vontade de continuar contribuindo quando der. E jogando 100% nas jogadas de times especiais. Mesmo que não jogue em mais nenhuma outra jogada.

E fora de campo... a estratégia. Poder ajudar o time com sugestões, dicas, pontos de vista. E ver algumas coisas dando certo...

Bom demais.

Eu sei que a maioria das pessoas que eu conheço não faz ideia de como funciona o futebol americano. Que a maioria das pessoas que eu conheço acham que é um jogo de pura violência e que quem for mais forte ganha. E que não há a menor graça em ver um monte de gente se batendo.

Mas eu vejo mais do que isso. Eu vejo estratégias, alinhamentos, técnicas, ajustes, reações, ideias... e acho isso lindo.


Enquanto isso, Flamengo, Palmeiras e Internacional ganharam, o São Paulo perdeu e tudo se embolou. E domingo que vem o Flamengo joga em casa e, se ganhar, é campeão.
O Rio de Janeiro vai parar por causa desse jogo. Literalmente. Se o Flamengo ganhar então... vai parar ainda mais.

Eu agradeço porque não vou estar na cidade.
Não tenho time... tenho uma simpatia pelo Fluminense por causa da minha avó e porque, nos anos de Gorilas, joguei futebol americano representando o time.

Mas não tenho nada contra o Flamengo ser campeão, a não ser o fato de flamenguista ser muito chato e passar os próximos 10 anos falando de como eles ganharam em 2009.
Não tenho nada contra o Palmeiras ser campeão, a não ser o fato do Muricy, que é excelente técnico, ter mais motivo pra arrogância.
Não tenho nada contra o São Paulo ser campeão, a não ser o fato de que um time que demite seu técnico tricampeão nacional não pode ser lá muito inteligente.
Não tenho nada contra o Inter ser campeão e não ser de nenhum porém simplesmente porque não acompanho futebol suficiente pra encontrar um.

Portanto, que vença quem vencer e que não me encham o saco.

E fico na torcida pra Fluminense e Botafogo se salvarem porque sou carioca.

Mas continuo não respeitando o futebol porque é um esporte que não se respeita.

3 comentários:

miurrause disse...

ah, Aquela jogada. Aquela. Quando o Guga deu uma de Guga e você sabia que ele seria o Guga. Ah, Aquela jogada.

marinaesanta disse...

Eu não entendo nada de futebol americano, mas fico feliz se você está feliz... Mãe é assim mesmo!

Paulo Gontijo disse...

Quando o Guga entrou no meu lugar pq o viadinho achou que eu não devia jogar por ter viajado.