quinta-feira, 23 de abril de 2009

o nervosismo já se foi

Acho que já disse isso mas há umas duas semanas o Carlinhos, meu patrão e amigo, me chamou pra gravar um saxofone (um dos 4) no arranjo do Jayme Vignoli da música "Fubá" do Rafael Gemal. Logo depois do convite eu liguei pro Jayme pra pedir o arranjo porque eu sabia que se não estudasse o arranjo, fosse ele como fosse, eu não ia conseguir toca-lo no dia da gravação.
Eu sou péssimo leitor e um músico beeeeeeeeeeeeeeeeeeem medíocre (por culpa minha, eu sei), e tenho consciência de que não consigo ler nada a primeira vista.

Recebi o arranjo no dia seguinte e confirmei minha suspeita de que não tinha a menor ideia do que era aquilo que estava escrito... levei 4 dias em Brasília destrinchando (ta certo isso?) e entendendo o arranjo. Pedi um MP3 da base da música que já estava gravada e passei os últimos 10 dias tocando ela praticamente todos os dias, junto com o MP3. Tipo play along pra retardado (como eu).

Hoje foi o dia da gravação. No estúdio encontrei Nailson Simões, Jessé Sadoc e Nicolau (não sei o sobrenome) no naipe de trompetes; Janjão e Thiago Osório nos trombones; Idris Boudrioua, Denize Rodrigues e Edu Neves nos saxofones.
Ninguém conhece esses nomes? São os melhores em seus instrumentos... todos tocam pra caralho, lêem pra caralho... são todos excelentes músicos. Edu, por exemplo, tentou ser meu professor mas só tivemos uma aula por conflitos de agenda. Nailson é admirado pelo Wynton Marsalis. E se isso não significa absolutamente nada pra você, vá ler um livro que esse post vai ser inútil.

Pois bem, fiquei ainda mais aliviado de ter estudado minha parte do arranjo por duas semanas porque ia ser bem feio eu ser o responsável por atrasar aquela gravação por incapacidade. Aliás, se não tivesse estudado o arranjo antes, eu tenho certeza que ou eu sairia correndo na hora que recebesse a partitura, ou nego ia me chutar da gravação nos primeiros 10 minutos dela.

Fiquei aliviado de ter estudado mas comecei a ficar nervoso. Eu no meio de monstros... não é fácil passar por isso. Minha sorte é que além de monstros, são todos amigos e me respeitam minimamente pelo meu trabalho como técnico de som (é... isso eu faço minimamente direito).

Finalmente começamos a gravar e eu fui tentando disfarçar o nervosismo e fazer minha parte direito. Pra me deixar mais tranquilo, o primeiro erro não foi meu. Nem o segundo. Aí eu fiquei mais relaxado pra tocar o que eu sabia (já tinha decorado o arranjo depois de tanto estudo) e errar sem medo.
Em um momento do arranjo tinha uma bela encrenca pra mim (Jayme é realmente um insensível) que levei três tentativas pra acertar (atrasando todo mundo), e quando acertei, outros erraram e tivemos que repetir um monte de vezes... Claro... sempre assim... a encrenca é sempre o que você vai ter que repetir mais vezes, mesmo que não seja por sua culpa. Mas é bom... ajuda a ir melhorando.
Recebi um ou outro toques de como melhorar o que já estava fazendo. Fiquei lá admirado com a capacidade incrível daquela gente de simplesmente sair tocando uma coisa que nunca viram nem ouviram antes na vida (a música é inédita ou pouco tocada, acho). No fim das contas, tudo soando muito bem e nem se repara que eu estava lá no meio daquela monstruosidade.

Aí o nervosismo se foi e eu fiquei assistindo o resto da gravação, com outros monstros nos clarinetes (Rui Alvim e Joana Queiroz), no clarone (Pedro Pais, acho que é assim que se escreve) e nas flautas (Deda e Carol também não sei o sobrenome).

E finalmente o arranjo ficou foda pra caralho... a música está muito boa, tudo soando bem pra caralho e eu faço parte disso. É assustador porque eu tenho muito medo dessa gente que tocapacarai, mas é também muito bom saber que eu posso chegar perto (claro, não vou porque não estudo) deles algumas vezes na vida.

3 comentários:

Sarah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natália Lepri disse...

Uauuuuu, to mega orgulhosa aqui!
UAU!

amourinha disse...

Você sabe minha opinião a respeito desse assunto..
parabéns pela gravação..