sábado, 21 de fevereiro de 2009

desde que

eu toquei com a Foliões de Botafogo em 2milebastante, eu tenho um grande problema em ver blocos e escolas de samba e afins.
Eu sempre tive vontade de tocar (por isso eu virei pseudo-músico), e a bateria de samba é uma coisa fascinante.
Eu toquei repique pra começar. Nuns ensaios da São Clemente pra onde fui levado por um ex-namorado da minha prima. Era muito divertido mas repique é um instrumento assassino demais pras mãos. Mas ainda assim, foi tocando repique que eu saí numa terça-feira de chuva pela Foliões de Botafogo.
Eu vim tocando com aquela bateriazinha (que já da uma pressão de assustar) pela Presidente Vargas até a entrada da Sapucaí. Entrei na avenida e a primeira porrada que eu dei no repique a pele estourou... Passei o desfile todo (que é curtinho pras escolas de terça-feira) tocando um repique com som de caixa de papelão.
Uns anos depois (talvez um ano só, mas quem sou eu e minha memória pra ter certeza?) eu entrei pro Monobloco. Acho que era o segundo ano deles (mas posso estar enganado de novo). Entrei tocando surdo (pra mim, quanto mais grave, melhor... por isso o barítono e a vontade de ter um saxofone baixo). Comecei no surdo de segunda (marcação no tempo 1. Não varia nunca no samba), passei pro de primeira (marcação no tempo 2. Atrasa meio tempo em viradas de refrão e início de música) e logo estava tocando surdo de terceira (surdo de viração... é puro suingue. Coisa de negão, sabe? Tipo eu).
Um dos diretores dos surdos era o Maurão, que era diretor dos surdos da bateria da Rocinha. E ele chamava o povo que quisesse pra ir nos ensaios da Rocinha pra sair na escola. Eu fui...
Ensaios técnicos às quartas e ensaio de desfile aos domingos. Não fui a todos, claro, mas fui a muitos. Conheci um povo da bateria da escola, conheci o Mestre de Bateria mas não lembro o nome dele (claro). Aí eles (a Rocinha) foi fazer uma participação nos ensaios do Monobloco (na época, lá no horto) e eu e mais uns 5 (que também frequentavam os ensaios técnicos) tocamos com eles (foi lindo, aliás, devolver um esporro pra um diretor da bateria do Monobloco que não vem ao caso nomear. Me mandou sair dali quando a bateria da Rocinha entrou e eu disse que tocava com eles... e ele não. Foi bonito. Eu adoro dar porrada em quem é escroto).
No último ensaio antes do desfile aquele suspense... Minha mãe foi ao ensaio porque ela decidiu desfilar também (muito porque eu disse que não queria ir sozinho... tipo bebe chorão). Enquanto o ensaio rolava, quadra cheia, o Mestre ia chamando uns e mandando ir buscar a fantasia. E ele olhava pra mim e não me chamava... Eu fui um dos últimos a ser chamado. Talvez porque eu era de fora de lá... meu primeiro ano... ou talvez eu tocasse mal mesmo.
Enfim, ele me chamou e eu fui buscar minha fantasia. Se não me engano, isso era domingo e o desfile era no sábado seguinte.
Lá fomos nós, eu e minha mãe, pra Sapucaí... Não lembro direito, mas eu acho que fui antes dela porque a bateria se encontra muito antes do desfile pra rolar um mutirão de afinação e arrumação dos instrumentos. E começou a chover então o mutirão foi pra desencourar (tirar as peles) dos surdos todos, cobrir com plástico, encourar tudo de novo e afinar.
Lá fomos nós tocando pela Avenida Presidente Vargas até a porta da Sapucaí.
De duas cenas eu me lembro bem:
1- antes de começarmos a tocar, mas já no primeiro recuo de bateria, na concentração, de repente surge uma caixa (o instrumento) cheia, mas cheia mesmo, de pó em cima pra quem quiser. A caixa vai passando, as pessoas vão aproveitando... uma notinha de 10 reais enrolada acompanhava a caixa e o pó. Eu dispensei a oportunidade e segui sóbrio como de costume.
2- tinha um diretor, o das caixas, que era o maior mau humor do universo nos ensaios. O cara dava esporro em todo mundo, xingava, mandava parar de tocar, fazia o diabo e tinha cara de mau. Quando a concentração começou (depois da cheiração) as cordas comaçaram a tocar com um surdo de marcação que fica no carro de som... aí o Mestre chamou a entrada da bateria e todo mundo foi... aquela pancada de som... e eu olho pro sujeito mau humorado diretor das caixas e ele está aos prantos... parecia uma criança. Essa é a força da bateria de uma escola de samba. Eu senti também...
E o desfile começou e na primeira porrada que eu dei no meu surdo de terceira, meu talabarte (o cintozinho que a gente usa pra segurar o instrumento) arrebentou. E lá fui eu, 80 minutos com uma mão tocando e a outra segurando o instrumento... de vez em quando vinha alguém dar um nó no meu talabarte, mas nada resolvia o problema. Enfim... foi bom pra caralho mesmo e eu disse que não queria repetir a experiência porque terminei o desfile com a mão ensanguentada, mas já mudei de ideia. Quero repetir sim. Só preciso de tempo...

Enfim... tudo isso pra contar uma outra história que não vou mais contar nesse post porque ele já está longo demais

Um comentário:

nonsense disse...

muitas palavras novas. mas parece emocionante mesmo. e acho q na bateria deve ser melhor ainda;cadê o post seguinte?